14 de abr. de 2011

Tune Yards é o que há

Depois de ouvir bastante o disco novo do Tune Yards, "whokill", já tenho uma noção da importância dessa banda no rock atual. Acredito que o gênero só sobreviverá se aceitar que existem outras coisas legais que têm a ver com ele. Tanto em jeito de fazer as coisas (agressividade, secura), quanto musicalmente (estruturas simples, batidas repetitivas). E o mais legal é que o rock consegue rico pra caramba mesmo assim. Abrange as mais diferentes visões de mundo e estética, raciocínios lógicos. Serve tanto para poetas quanto para gente tosca que quer se expressar.

Para mim, o Tune Yards é um índice disso. Nada mais do que batidas fortes e repetitivas sobre linhas de baixo oscilantes, a voz de Merril Garbus rasga as melodias quase imperceptíveis das faixas. Ela prefere construir as harmonias usando notas simples e principalmente a voz. A guitarra é quase percussão em "whokill", pontuando batidas.

Falando em voz, que voz. Sinceramente, andava cansado dessa moças e moços que cantam como se estivessem prestes a desmaiar. Uma sensibilidade forçada e nada honesta. Merril, por outro lado, canta como uma blueswoman do século 21. Força a barra, margeia o grito, sobe e desce sem se preocupar com a cadência. Suas palavras comandam a canção.  A única concessão que sua voz faz é à batida, que protagoniza quando não atrapalha. Que voz. Rasgada, metálica, rápida e fluida.

É fora da curva, ainda que não tanto. O suficiente, eu diria. Um grande mérito conseguir isso hoje, tempos de pouca inspiração que andam voltando muito ao passado para legitimar um futuro que se não parece obscuro, é uma grande dúvida. Uma dúvida que incomoda demais. Melhor fazer como os Tune Yards, que não inventam resposta, mas inventam perguntas novas. O que é o rock?

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Veja o vídeo de "Bizness", feito pela Autofuss. O brasileiro e amigo Pedro Henrique Figueira trabalha lá e ajudou a fazer o clipe.

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