1 de nov. de 2011

É só rock'n'roll. E é muito bom.

“Acho que eu não sabia o que música era, entende? Eu não entendia. Meus pais não colocavam discos dos Beatles para tocar em casa. Sempre fico com inveja de compositores que dizem isso.” Essa declaração, dada ao sou daltônico, não idiota, mostra que a banda americana Age Rings é diferente.

Seu segundo disco, “Black Honey”, que será lançado no dia 5 de novembro pela Midriff Records, é mais do que o simples “rock novo” que tem invadido a internet (e a publicidade, os filmes, o mundo!) nos últimos 11 anos. O rock que o Age Rings faz tem uma característica rara hoje em dia: é só rock. Sim, porque a moda agora é dar um nome ao tipo de som que se faz. “Vintage garage”, “freak folk”, “disco punk”. A maioria dos rótulos invoca a atualização de um gênero mais antigo, denunciando a falta de criatividade dos músicos e de nós, os jornalistas.

Ted Billings, vocalista e a mente que comanda os Age Rings pode não ter crescido ouvindo discos clássicos, mas entendeu bem o que é bom rock. “Black Honey” tem duas das qualidades mais preciosas a um músico: identidade e empatia. As catorze faixas são coerentes e, ao mesmo tempo, são mundos diferentes dentro do disco. Trata-se de uma banda madura que soube escolher como apresentar o trabalho. As músicas são cativantes e remetem a uma vertente mais clássica do rock sem soar passadista. E eles também não incorrem no erro de perder a identidade tentando soar modernos demais. Sem querer comparar, mas outra banda que consegue fazer isso bem é o Black Rebel Motorcycle Club.

Por e-mail, Billings respondeu a algumas perguntas sobre os Age Rings, sobre sua infância e influências.

Ouça três faixas de “Black Honey”, que será lançado pela Midriff Records no sábado em vários formatos, inclusive mp3 (que pode ser comprado fora da Amazon e iTunes).
Para comprar: www.midriffrecords.com

Como começou o Age Rings?
Como um projeto solo em 2006, acho. Gravei o primeiro disco com um baterista e um pianista. Depois disso, pedi para pessoas se juntarem à banda para fazer shows. Tivemos muitas formações desde o começo – sou o único membro original.

De onde vêm suas inspirações?
De livros e filmes, principalmente. Para mim, as coisas que mais afetam a parte musical do cérebro não são música. [O livro] "The rules of attraction" de Bret Easton Ellis e o filme "Magnolia" de Paul Thomas Anderson influenciaram bastante as letras e o tom de “Black Honey”.

Quem escreve as músicas? Como é a dinâmica de composição?
Eu componho no violão antes de levar qualquer coisa à banda. É muito raro eu mostrar algo quando estamos todos juntos. Normalmente é só quando estamos eu e o Steve (bateria) tentando fazer o arranjo. As coisas também acontecem no estúdio. Eu edito as letras até a hora de gravar.

O que você escutava quando era criança?
Minhas primeiras fitas eram do Wrex-n-Fx e da trilha sonora do [filme] “Ghostbusters”. Acho que eu não sabia o que música era, entende? Eu não entendia. Meus pais não colocavam discos dos Beatles para tocar em casa. Sempre fico com inveja de compositores que dizem isso. Eu era uma criança estranha. Estava mais interessado em leitura. Só no ginásio que eu comecei a gostar e a saber o que música era de verdade - Nirvana, Green Day, Weezer etc. Mesmo assim, eu ainda não entendia. Eu só ouvia o barulho, via as cores brilhantes e as roupas interessantes das bandas, os pulos, e todo mundo parecia estar drogado ou louco. Só no colegial eu ouvi os Beatles e os Beach Boys – isso mudou muito a maneira que eu via as coisas.

Que disco ou banda te fez querer ser músico?
A MTV, inicialmente. Clipes do Green Day e do Nirvana. 100% superficial.
Quando eu ouvi “Yankee Hotel Foxtrot”, do Wilco, comecei a realmente, realmente entender o que há de mágico e interessante em escrever canções e fazer discos.

Se você pudesse fazer uma jam com qualquer um, quem seria?
Eu não faço jams, mas eu teria adorado poder ver o Jimi Hendrix

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